Os irmãos encarnados que dão sustentação aos trabalhadores da casa vão chegando, tomando seus passes e encaminhando para as salas de atendimento médico-espiritual, afim de se concentrarem para a jornada de amor que terão a seguir.
Como de praxe, fazem a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo, em seguida os comentários referentes ao texto lido.
Ao longo do tempo, tem-se notado que a lição da noite, depois se torna algo concreto em relação aos fatos e acontecimentos dos pacientes que são atendidos, como a mostrar claramente que a leitura estava relacionada com eles.
Os trabalhos vão se desdobrando de uma forma tranquila e serena, até que uma senhora ao deitar na maca começa a merecer por parte da equipe médica-espiritual um atendimento mais peculiar diante de sua necessidade.
O Médico Espiritual conversando com o irmão, vai tirando dele próprio seu descontentamento pela vida.
A irmã diz que está muito desgostosa e chateada com tudo que tem–lhe acontecido, especialmente com a morte de seu esposo. Não tem mais prazer de viver.
O Médico Espiritual, já sabendo a resposta, porém pergunta:
A irmã tem filhos?
Sim, diz ela; eu tenho uma filha.
Continua o Doutor:
Minha irmã, não lhe parece um erro muito grande, você tentar dar cabo à vida, sabendo que só Deus, nosso Pai, que nos criou, é que tem este poder? Minha irmã, como você acha que sua filha ficaria se não a tivesse, para superar as dificuldades que vocês tem aí na Terra? Minha irmã, você deve respeitar muito o corpo físico que vocês possuem aí na Terra, pois é o instrumento necessário para poderem atuar na matéria. Minha irmã, você quando retornar para cá terá de dar contas ao bom ou mal uso que fez do seu corpo físico. Minha irmã, tenha amor se não por você mesma, mas por sua filha, que foi gerada por você e que depende tanto de você.
O pranto jorra naquele rosto marcado pelo sofrimento. Nossa irmã começa a chorar e soluçar copiosamente. Todos os irmãos encarnados que dão sustentação aos trabalhos se vêem envolvidos por aquele clima de muita emoção.
Uma emoção muito forte toma conta de nossa irmã e parece que uma lacuna abre o seu coração como se estivesse rasgando-a por dentro.
Aplicações energizadas são passadas para nossa irmã a fim de restabelecer seu ponto de equilíbrio.
O Médico Espiritual continua:
– Querida irmã, confie em Jesus, pois seu esposo deixou a Terra e veio para cá, por que tinha uma razão de ser.
– Mas, isto não podia acontecer, não é justo.
– Irmã, quem somos nós para sabermos o que é justo ou injusto, pois isto só ao Pai compete.
– Tenha certeza, continua o irmão, que tudo tem uma razão de ser, nada acontece por acaso.
Nossa irmã está ainda impregnada de ódio, raiva e revolta. Novas energizações lhe são endereçadas para amenizar e restabelecer o equilíbrio do seu corpo físico.
Neste momento, o Médico Espiritual vê uma trabalhadora encarnada que dá sustentação aos trabalhos, com amor e carinho, vai lhe pedir o seu depoimento, visto que perdeu um filho jovem na Terra, mas não se desesperou. Seguiu firme na sua jornada, mas resolveu não pedir seu depoimento a afim de não deixar a irmã encarnada emocionada.
Pede, então, para nossa irmã assistida que desça da maca e olhe o quadro de Jesus, e pergunta:
– Como está, irmã?
– Diz ela; pareço estar aliviada, mais leve, uma situação esquisita.
Ele pede então que ela vá em paz, mas vendo que uma outra irmã encarnada irradia pelo pensamento um beijo na sua filha, este lhe diz:
– Querida irmã, posso lhe fazer uma pergunta?
– Claro, diz a irmã.
– Quando você chegar em casa dê um beijo na sua filha.
Neste momento uma nova emoção toma conta da irmã, que imediatamente, tem dificuldades de concentração e respiração.
Ele pede que ela respire fundo, e pense em Jesus que tudo vai dar certo.
Em seguida, pede que ela vá em paz.
Pede a irmã encarnada que anote todos os procedimentos e prazo de retorno nas fichas da irmã assistida e que coloque um retorno rápido.
Ao final dos trabalhos, os irmãos encarnados comentam o ocorrido e vibram em favor daquela irmã tão carente e necessitada.
Pequeno espaço de tempo se passa e novamente aquela irmã retorna.
Muito melhor que a primeira vez, mas ainda muito longe do que precisa alcançar para o equilíbrio emocional que tanto necessita.
– Como vai irmã? Diz o Médico Espiritual.
– Acho que estou melhor.
A irmã está muito fechada dentro de si.
Então, diz o Médico Espiritual.
– Você lembra o que eu lhe pedi quando você foi embora da última vez?
Seu coração bate mais acelerado neste momento, pois nossa irmã não imaginava que ele pudesse se lembrar entre tantos assistidos que passam.
– Sim, diz ela.
– O que? Pergunta o Médico Espiritual.
– O senhor pediu que eu lhe desse um beijo na minha filha.
– Diz ela, com a voz embargada pela emoção.
– E agora como você está?
– Estou um pouco mais forte, não pensei mais em suicídio, acho que estou melhor e se Deus quiser eu vou melhorar.
– Deus sempre quer, querida irmã e isto só depende de você, pois você não pode imaginar o que é tirar a vida aí na Terra, pois o sofrimento que vocês têm quando chegar aqui. Vão conviver nos UMBRAIS. É muito grande e sofredor, não faça isto, pois é para seu próprio bem.
– Confie sempre em Jesus, e todas as vezes que este pensamento vier a sua mente, imediatamente faça uma prece que ele vai embora.
A irmã está muito emocionada com as palavras do Médico Espiritual.
Então ele pede que ela se sente, faz energizações com a mão do médium no seu frontal e pede que ela respire fundo para voltar ao normal.
Após este momento, ele percebe na ponta da maca, aquela mãe que perdeu o filho, com o coração cheio de amor pra dar, com uma vontade grande de falar algumas palavras, e diz:
– Querida irmã, pode falar de uma experiência que você teve na Terra.
Com a voz um tanto embargada, mas que vai se soltando aos poucos ela diz:
– Eu passei por uma experiência muito grande aqui na Terra, pois perdi um filho muito jovem de acidente e quando tudo parecia desmoronar dentro de mim eu fiz uma auto-análise e cheguei à conclusão de que assim não poderia ser; que Deus jamais iria me abandonar, que mesmo que eu não me preocupasse comigo eu deveria me preocupar com ele, pois como a vida continua, ele ficaria muito aflito em ver as minhas preocupações e desequilíbrios, o que iria prejudicar-lhe muito lá na erraticidade.
Continuou a irmã:
– Por isso, arranjei forças de não sei onde, para superar esta dificuldade. E hoje estou aqui dando esta pequena contribuição de amor aos outros, com muito carinho.
A irmã que tudo ouvia parece tão pequena diante das colocações da nossa irmã encarnada.
Novamente, ele pede que ela respire fundo, e que vá em nome de Jesus. Vá em paz querida irmã e busque forças em Jesus para você superar esta dificuldade, e que quando puder, ajude aos outros, mais necessitados que você.
A irmã retornou outras vezes. Já está muito melhor. Seu ex-esposo da Terra e que está bastante emotivo, encontra-se até mais forte diante das mudanças e transformações que ela obteve.
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